quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"as o que na minha opinião é mais grave nesta instituição é a falta de uma politica comum,"

Os juniores são equipa do momento. Pelo menos a julgar pela discussão que têm despoletado neste espaço. Por isso mesmo, decidimos entrevistar um atleta júnior com grandes responsabilidades dentro do clube, já que ocupa, também, o lugar de treinador.



Blogue - Começámos com os Juniores. Depois de um início difícil como comentas o actual momento dos juniores?

Zé Pereira -Em primeiro lugar gostaria de agradecer o convite, e elogiar este tipo de iniciativas que na minha óptica são bastante importantes para o clube. Quanto à pergunta exposta considero que o mau início dos juniores se deveu fundamentalmente a problemas de foro estrutural, ou seja, no meu ponto de vista a equipa teve várias baixas por enormíssimos motivos, ou por incompatibilidades académicas, ou por choque com o treinador, certo é que mesmo antes da pré-época já todos sabíamos que as coisas não iriam ser fáceis, penso que por entre esses problemas todos a resposta da equipa foi positiva, visto que originou a criação de um núcleo que nos permitiu estar mais próximos, e trabalhar no mesmo sentido, algo que por exemplo não acontecia na época passada, onde os interesses individuais se sobreponham aos colectivos. Esta base sólida permitiu ultrapassar parcialmente todos os problemas, sendo certo que ainda existem alguns a superar, mas com os resultados positivos, e com a boa harmonia existente entre os jogadores, penso que todo irá correr de feição.

B - Têm criticado os métodos do Filipe Simões. Como vês esta questão?

ZP - As críticas ao Filipe são algo que me faz imensa confusão, não por estarem totalmente incorrectas, mas sim porque todos falam mas poucos são capazes de fazer algo de melhor. Eu tenho perfeita noção que o Filipe não é exemplar e tem varias lacunas, como todos os treinadores, agora dentro da realidade existente, dentro da personalidade, e dos seus métodos, o Filipe esta a fazer um trabalho no mínimo positivo, pois como disse em cima, no inicio, a estrutura estava praticamente condenada ao fracasso, e não concordo que seja culpado de alguns jogadores terem a tão proclamada “tristeza de não jogar”. Na minha opinião os juniores são um escalão de competição, jogando quem cumpre aquilo que o treinador pretende, não só dentro de campo, mas também fora dele, assim o Filipe foi capaz de ultrapassar todos estes problemas e de levar com a sua metodologia, que para muitos é incorrecta, mas que para mim é a possível tendo em conta o panorama deste escalão.

B - É possível a subida?

ZP - Não sou apologista de prognósticos nem antevisões, muito menos quando não existe uma grande discrepância entre os concorrentes, é certo que acredito na subida, pois é por isso que faço parte desta equipa, mas quando falamos de possibilidades as coisas são mais complexas pois existem boas equipas, capazes de discutir a subida ate ao último jogo, logo temos de continuar o nosso trabalho e jogo a jogo fazer aquilo que é pretendido, sendo certo que com ajuda de todos a subida se poderá tornar mais fácil.

B - Relativamente a este segundo ano como treinador. Vamos tentar compreender como surgiu esta aventura no treino?

ZP - Esta aventura surgiu de forma natural, sendo certo que nada foi forçado, nem prematuro, pois o gosto pelo andebol já vem de há muitos anos, e a vontade de ter um papel mais presente era já antiga, sendo assim só faltaria a oportunidade certa, que surgiu o ano passado, através de duas pessoas bastantes importantes nesta etapa, Pedro Pinto, e Danilo Ventura, que me deram total apoio para crescer como treinador, e por consequência, como pessoa. Numa primeira fase treinei a equipa de bambis/minis, sendo que a meio da época passei a treinar os infantis “B”. Esta época e depois de uma grande perda para este clube surgiu a oportunidade de treinar os iniciados, onde me mantenho.

B - Que saldo fazes do primeiro ano em que trabalhaste com o Ricardo?

ZP - Bem na realidade foi apenas meio ano, pois na primeira metade da época estava a trabalhar com os bambis/minis, mas esses meses em conjunto com o Paulo, e com o Ricardo posso dizer que foram excelentes, a nível de companheirismo, de entendimento, e de trocas de conhecimentos, pois todos nos estávamos no inicio e isso era importante par existir uma boa harmonia, pois não subsistiam discrepâncias de saberes, e com ajuda do Danilo e do Pedro Pinto todo foi feito com o máximo rigor possível. Saindo no final com um sentimento de trabalho concluído, o que é sempre importante.

B - E que balanço fazes destes primeiros meses da actual época?

ZP - O balanço é sem duvida positivo, é certo que ainda existe muito para fazer, e o trabalho esta longe de estar terminado mas isso torna-se um desafio bastante estimulante, pois a motivação para melhorar é enorme, por exemplo posso dizer que neste momento a equipa “B” esta num processo de grande importância, pois o aparecimento de novos jogadores, e por consequência a falta de experiência e de rotinas de jogo são para ser ultrapassadas, algo que demora o seu tempo, mas tenho a certeza que os métodos utilizados são os mais apropriados, e no tempo certo iram aparecer os resultados.

B - Como está a ser a experiência de trabalhar com o Danilo?


ZP - A experiência de trabalhar com o Danilo esta a ser fantástica, em primeiro lugar esta época não é o ano “0”, que diga-se bastante mais complicado, mas em contra partida existiram um conjunto de factores, que rapidamente tive de adquirir, e muitos outros que ainda estou a implementar na minha forma de trabalhar. Desde logo os objectivos são bastante diferentes dos que tinha o ano passado, e adjacente a isso, os índices de responsabilidade aumentaram tal como o trabalho. Para mais posso dizer que tenho ao meu lado um verdadeiro “senhor do andebol”, a nível de conhecimentos técnico-tácticos é absolutamente fantástico observar todos os dias as capacidades únicas do Danilo, é sem dúvida gratificante trabalhar com uma pessoa como ele, sendo certo que tem as suas debilidades, mas como já referi em cima todos os treinadores as têm.


B - Que resultados esperas alcançar?

ZP - Quando paro e penso no que espero desta época, e destes jogadores, preocupo com aspectos que no meu ponto de vista são muito mais importantes do que simples futilidades, refiro-me a evolução desportiva adequada, ou seja, que tenha uma equipa, e não 2/3 individualidades, que todos os jogadores tenham um saber universal, que a equipa jogo com todos e para todos, que o processo de evolução das capacidades seja escalado, e fundamentalmente que as oportunidades sejam repartidas de igual modo, também os aspectos sociais são importantes, pois não quero que se repitam erros passados. Isto são os principais resultados pretendidos, sendo certo que se forem compridos, muitas alegrias irão dar a todos os ginasistas.

B - Pensas haver jogadores de potencial nos iniciados para chegarem um dia a alto nível?

ZP - Bem, esta pergunta não poderá ser respondida de uma forma simples, como eu gostaria, pois implica um conjunto enormíssimo de factores. Tentando resumir, posso dizer que a evolução de um atleta se divide em 3 vertentes, física, psicológica, e técnico-táctico, eu não poderei afirmar que um atleta ao longo da sua formação ira evoluir de igual modo nestas 3 vertentes. Em primeiro lugar fisicamente um atleta é quase sempre imprevisível, pois um jogador de envergadura física elevada nos infantis/iniciados poderá não ter esse estatuto quando for sénior, e hoje em dia a realidade do andebol passa muito pelo contacto fisco, onde a força e altura são preponderantes. Em relação aos conhecimentos técnico-tácticos posso afirmar que o(s) treinador(s), tem um papel predominante, pois apesar de todos termos recursos naturais, a sua descoberta, expansão, e aperfeiçoamento depende muito dos treinadores que tiverem durante a sua formação. Por fim o perfil psicológico é o mais previsível, pois desde cedo um atleta traça a suas características, podendo simplesmente amadurecer, mas raramente alterar drasticamente o seu perfil.
Como tal não me arriscaria fazer um prognostico individual, mas poderei dizer que este colectivo tem bastante qualidade, tendo cada elemento um papel bem definido, e de preponderância elevada, sendo certo que com isto o sucesso será alcançado.

B - No seguimento da discussão no blogue, como vês, na tua opinião pessoal o estado do clube.

ZP - Em primeiro lugar espero que esta discussão não entre por caminhos menos proveitosos, e que pelo contrário traga boas ideias e bons prenúncios. Quanto a minha opinião pessoal resume-se a 4 pontos essenciais, liderança efectiva, ou seja uma pessoa com pulso e com determinação para levar este clube para a frente, outro ponto é a filtragem inexistente, pois cada um anda para o lado que quer sem ter em conta interesses colectivos e sobrepondo interesses individuais, a união inexistente entre escalões é outro dos temas que me preocupa, mas o que na minha opinião é mais grave nesta instituição é a falta de uma politica comum, onde todos saibam onde estão, e para onde vão, pois só assim as coisas puderam melhorar e o Ginásio poderá transformar-se num clube competente e com bases sólidas para todos os anos ser um dos melhores a nível nacional.

10 comentários:

Anónimo disse...

Só pra dizer que o José Pereira é o meu técnico preferido do Ginásio.....

E arranja fotos muito belas.....

E é o melhor guarda-redes chamado José dos Juniores!!

E viva o Filipe Simões!!!!

Anónimo disse...

Querias dizer que era o melhor lateral esquerdo ou guarda-redes??

Fico sem perceber... lol

Anónimo disse...

Não, era mesmo na sua posição de Guarda-Redes....

Lateral esquerdo fica para mim, que quando recomeçar a treinar cuidado comigo!!

Não seria preciso um lateral esquerdo com pernas tortas :):) já há xonés que chegue na equipa!

Anónimo disse...

desculpa la, ó senhor do andebol, mas com esse joelho que não aguenta uma pancadazinha do jovem artem acho que o sr jose pereira (exímio na actividade de dar graxa ao adjunto lol) tem mais futuro como lateral que tu :p

Anónimo disse...

boa entrevista...

Tinha de ser modelo!!lol

Anónimo disse...

José Pereira a mostrar que para alem de ser modelo também sabe falar...
Mas olha que uma agência de modelos entrou em contacto comigo, e após ver as tuas fotos ficou deliciada, acho que vais poder voltar às passerelles.... ;)

Anónimo disse...

Para obter bons resultados, seja no que for, é necessário, para além de possuir os minimos dos conhecimentos, muita força de vontade e muita entrega. E é realmente necessário dar grande valor a este tipo de atletas que, com todo o gosto (quem anda a gostos nao cansa)dão sempre um bocadinho mais deles a este club.
E é de realçar estas palavras :
"que todos os jogadores tenham um saber universal, que a equipa jogo com todos e para todos..."... porque verdade seja dita é só com este tipo de mentalidades que se fazem grandes equipas! Pois por si só, isto já é um saber universal!!

Respostas deste nível não é para todos! Parabens pela entrevista!

Anónimo disse...

ze muito bem tas em grande admito sem duvida que falas-te muito bem mesmo...quanto ao "senhor do andebol" è um poeta mas quando joga nos seniores falha um pouco e depois diz que foi do joelho..lol

Anónimo disse...

Sra Cobra Fina, o problema não é o joelho obviamente, é a falta de treino...
Mas nunca me desculpei pelo joelho!! Aliás isso fica pra outros eheheheh

E sim sou um poeta como tu "falas-te"!!!!!!!!!!!!! :)

Só cobras....... =)=)

Anónimo disse...

uma boa entrevista do pupilo.

realmente com a saída do prof Pelayo, a confirmar-se, a liderança da secção é o problema nuclear do andebol do Ginásio.

como adepto e como conhecedor do funcionamento do clube espero que o sucessor ideal (pessoa credível) apareça e que comece imediatamente a pensar na próxima época, caso contrário, atravessaremos tempos muito difíceis.

quanto aos iniciados, do que me tem sido possível acompanhar, parece-me, independentemente dos resultados, que estão no caminho certo.